.tempestuosidades.
Além da janela, a tempestade. Molhando o corpo que tomava o frio, com vento e chuva. Encharcando a alma, tempestuosa por essência. No desejo de transpor o peso bruto que aumentava a sufocante sensação de encontrar-se presa, correu. Correu como se fosse dona de todo aquele espaço, de toda aquela fúria líquida que caía desmedidamente do céu. Correu na busca de não sentir o próprio corpo prendendo-a ao chão. Correu até adormecer tudo o que era sólido, quando nada mais lhe doía além dos próprios pensamentos e desejos. Anestesiada e extasiada, deixou-se levar ao chão, num impulso de entrega. Misturando-se ao verde, pensou ser raízes: espalhou-se rapidamente, abrindo infinitamente os braços, sorrindo como quem esquece do antes e do improvável e desconhecido depois. A entrega ao agora não poderia ser mais sincera, sem nada nas mãos, nem em mente.
Somente ela, líquida, crua ... viva.
Somente ela, líquida, crua ... viva.
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